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[CONJUR] Ascensão da IA generativa e seus impactos na advocacia

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Com o constante avanço da tecnologia, a inteligência artificial (IA) está se tornando cada vez mais presente em nosso cotidiano. No mundo jurídico, não é diferente. O uso da IA pode ser uma ferramenta valiosa para auxiliar advogados em tarefas complexas e aumentar a eficiência do trabalho jurídico.

Desde a realização de pesquisas jurídicas até análise de contratos e predição de resultados de casos, a IA está mudando a forma como o trabalho jurídico é realizado. No entanto, o uso da IA no mundo jurídico também apresenta desafios únicos que precisam ser levados em consideração, como questões éticas, privacidade e segurança de dados.

 

Um caso de sucesso

O escritório Allen & Overy’s, de Londres, entrou em contato com a OpenAI (criadora do ChatGPT) com objetivo de fazer um pequeno teste com a ferramenta Harvey, que promete ser uma inteligência artificial específica para o mundo jurídico.

O teste, que começou pequeno, cresceu bem rápido. Desde Setembro de 2022, 3500 advogados, em 43 escritórios, usaram a ferramenta, um total de 40000 perguntas no total. Segundo Harvey, um em cada quatro advogados do escritório Allen & Overy’s usa a ferramenta diariamente.

Entretanto, existem ressalvas importantes no uso da tecnologia. David Wakeling, head de Inovação do escritório, diz que existe uma política de não incluir nenhum dado do cliente na solução. No entanto, irão começar a apresentar a solução de IA generativa aos clientes para obter o consentimento.

 

Homem vs Máquina

Com tantos avanços promissores, um questionamento comum é se no futuro ainda existirá algo que o advogado terá de fazer. O White Paper da Logol (empresa suiça, pioneira no ramo da Inteligência Artificial) faz uma analogia muito interessante do impacto da ferramenta no mundo jurídico com o esporte.

O advogado hoje é como um corredor, que com anos de treino usa toda sua força física para competir. O advogado do futuro será um piloto que, graças à velocidade do carro, consegue chegar ao final muito mais rápido. O relatório da Logol conclui que, no futuro, o advogado não precisará ser o corredor mais rápido (embora os anos de estudo e prática sempre terão um grande valor), mas sim o melhor piloto.

Vale ressaltar também que, ao contrário do que foi difundido, o funcionamento de uma inteligência artificial não é igual ao cérebro humano. Uma IA processa dados que imputamos nela e usa machine learning e algoritmos para prever resultados, mas não é capaz de pensar de forma abstrata ou usar do senso comum como os seres humanos.

Assim como nas fábricas, o ser humano nunca foi completamente substituído, mesmo que os escritórios do futuro sejam completamente automatizados, sempre teremos atividades que  exigirão a capacidade de análise crítica e criatividade humana. Esta é a parte do trabalho que acabará por fazer a diferença no êxito de uma ação judicial.

 

As questões éticas da ferramenta

Quando um advogado utiliza a inteligência artificial para obter uma resposta, ele adentra uma espécie de “caixa preta”. Isso significa que o software realiza suas operações internas e, em seguida, apresenta a resposta ao usuário, sem revelar quais dados foram analisados. Nesse contexto, surge a questão: em que medida é necessário que o advogado tenha conhecimento sobre o funcionamento interno dessa caixa preta para cumprir seus deveres éticos?

Afinal, os advogados não são cientistas da computação e, por enquanto, a maioria dos escritórios depende de ferramentas de empresas de tecnologia. Por isso, podemos dizer que um grande problema é a transparência – ou falta dela – das empresas que desenvolvem as IA’s em relação ao funcionamento interno dos algoritmos.

Dito isto, concluímos que estamos em um momento empolgante para o mundo jurídico, com tantos avanços tecnológicos otimizando a forma de trabalho e garantindo melhores resultados as possibilidades parecem infinitas. Entretanto, nunca foi tão essencial pensar criticamente sobre as tecnologias que utilizamos e seus impactos. Em especial sobre os conflitos éticos, privacidade e segurança dos dados que imputamos à essas tecnologias.

 

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REFERÊNCIAS:

https://www.wired.co.uk/article/generative-ai-is-coming-for-the-lawyers

https://www.logol.com/en/logol-white-paper-on-ai-in-the-legal-profession/

https://kirasystems.com/learn/can-ai-be-problematic-in-legal-sector/

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