Por Eduarda Espanhol Borba, Trainee do Núcleo de Contratos do Poletto & Possamai.
Ainda que a guerra da Ucrânia não tenha impactos diretos no Brasil em âmbito militar, seus efeitos econômicos já são sentidos, em razão do encarecimento de commodities e de outros insumos necessários para setores produtivos.
No mercado securitário, o cenário não é diferente. Em um contexto global, países que passam por conjunturas imprevisíveis (como guerras) possuem a tendência de contratar mais seguros – efeito similar foi sentido no Brasil durante a pandemia, com uma maior demanda na contratação de seguros de vida e de saúde [1].
O efeito mais imediato do conflito, portanto, é o aumento das apólices, em razão da elevação dos riscos e do custo de capital. Para modalidades como segurança cibernética e agronegócio, as perdas são, a princípio, inevitáveis [2].
Assim, a preocupação das companhias seguradoras não se encontra necessariamente na exposição direta aos impactos do conflito, tendo em vista que o fator “guerra” é um dos motivos para exclusão de coberturas em apólices. Porém, é preciso observar as consequências indiretas para diferentes setores [3].
No tocante ao seguro agropecuário, as sanções à Rússia impossibilitaram a formalização de contratos com o país, o que impacta diretamente o Brasil, em razão da dependência nacional dos fertilizantes russos e ucranianos. Tal fator é sentido pelas seguradoras que atuam neste ramo.
O setor pode sofrer, assim, em razão dos “impactos químicos”, com o agravo dos eventos climáticos sem a utilização dos produtos ora importados. A elevação do número de perdas de produtos no campo gera, diretamente, o aumento do volume de indenizações pagas [4] . Além disso, verifica-se um alto volume de roubos de carga de fertilizantes, em razão de sua falta no mercado.
Por outro lado, o setor que mais parece sentir os impactos é o de cibersegurança, uma vez que a guerra apresenta um conflito paralelo de fake news, desinformação e exposição à vírus. Esses ataques representam um desafio às seguradoras, em razão da dificuldade de demonstrar a ligação entre um incidente cibernético e a guerra [5] , no intuito de alegar perda de direitos à indenização securitária. Assim, a percepção de um risco maior poderá levar a preços ainda mais elevados para cobertura de riscos envolvendo cibersegurança, em um mercado que já se encontra pressionado [6].
A previsão de escalada de ataques cibernéticos pode ocorrer, ainda, em razão de motivação política, tendo em vista que hackers e cibercriminosos vinculados à causa Russa podem buscar o aumento de ataques e incidentes em empresas ocidentais, como uma forma de retaliar às sanções impostas ao país, bem como de boicotar outras marcas [7] .
À vista do exposto, e considerando todos os efeitos econômicos globais sentidos com a guerra na Ucrânia, é preciso que as companhias seguradoras estejam preparadas para atender um maior número de sinistros, com equipes prontas para regular os incidentes.
Diante das novas perspectivas da guerra e seus impactos no mercado securitário, a Poletto & Possamai Sociedade de Advogados possui equipe profissional especializada com vasta experiência para orientar as seguradoras do setor.