
A Galapagos Capital anunciou a emissão de até R$ 100 milhões em Letras de Risco de Seguro (LRS), título com prazo de seis anos estruturado para automatizar operações de seguro-garantia judicia, tendo a BS2 Seguros como contraparte da operação.
As LRS, conhecidas internacionalmente como Insurance-Linked Securities (ILS), funcionam como um elo entre seguradoras/resseguradoras e o mercado de capitais: uma Sociedade Seguradora de Propósito Específico (SSPE) securitiza riscos de algum segmento de seguro, emite o título ao mercado e mantém um patrimônio segregado que será usado para indenizar a contraparte caso ocorra o evento coberto; sem sinistro, o investidor recebe principal acrescido de juros ao vencimento.
Ou seja, a LRS capta recursos a partir do pagamento dos investidores e do prêmio recebido pela contraparte (no caso, a BS2 Seguros). Em caso de sinistro coberto pela operação securitizada, a SSPE utiliza esses recursos para pagar total ou parcialmente os valores devidos à contraparte.
No caso da operação da Galapagos, o mecanismo inclui uma capacidade automática de resseguro para emissões nos próximos 12 meses e prevê possibilidade de ampliação da capacidade além dos R$ 100 milhões iniciais, visando dar escala rápida às emissões de seguro-garantia
Segundo Roberto Takatsu, sócio da Galapagos, a gestora adotará inicialmente uma postura de prudência, mirando investidores profissionais, fundos de pensão e multi-family offices, com estruturas conservadoras para consolidar confiança no mercado, e apostando que o instrumento pode destravar crédito e ampliar cobertura para setores como agronegócio e grandes obras.
A entrada da Galapagos no segmento ocorreu após um processo regulatório e técnico, envolvendo a criação de um sistema digital em parceria com a Fitinsur; a estrutura contou com assessoria jurídica e soluções de liquidação e registro de firmas especializadas.
No Brasil, a LRS ganhou marco legal com a Lei nº 14.430/2022 e a Resolução CNSP nº 453/2022, que detalham regras operacionais e características dos títulos — entre elas, a necessidade de emissão por SSPE, a escrituração do título e a possibilidade de vencimento de até dez anos.
A experiência internacional com ILS e as primeiras operações locais (como a emissão da Andrina SSPE, do IRB, em 2025) mostram que o instrumento pode ser aplicado além de riscos catastróficos — por exemplo, seguro-garantia — e atrair investidores interessados em ativos com correlação reduzida às oscilações do mercado financeiro. Isso dá contexto ao movimento da Galapagos de usar LRS para resolver gargalos de capacidade no mercado segurador.
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