O furacão Milton, que atingiu a Flórida no início de outubro com ventos de categoria 3, traz desafios financeiros significativos para o mercado de seguros nos Estados Unidos, exigindo uma resposta estratégica e adaptativa do setor. De acordo com informações divulgadas pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), as estimativas iniciais apontam para perdas seguradas entre US$ 30 bilhões e US$ 50 bilhões. Esses números colocam o furacão como um dos eventos climáticos mais onerosos dos últimos anos, com impactos que podem reverberar no mercado de seguros e resseguros por anos.
As seguradoras, embora capitalizadas, podem ser forçadas a rever suas tarifas. A expectativa inicial de redução nas taxas de seguros para 2025, especialmente em áreas de risco de catástrofes imobiliárias, pode ser revertida diante do volume das perdas. A CNseg destaca que o furacão Milton poderá frear essa tendência de queda, exigindo maior cautela e ajustes nos preços das apólices para garantir a sustentabilidade das operações.
Se as projeções forem confirmadas, Milton pode se tornar o segundo furacão mais caro da história recente, logo após o Furacão Ian, que em 2022 causou prejuízos estimados em US$ 60 bilhões.
A Flórida, que já enfrentava desafios no mercado de seguros patrimoniais, verá o furacão Milton agravar uma situação que parecia se estabilizar. Antes da temporada de furacões de 2024, as taxas de resseguro haviam registrado uma queda de até 10%, refletindo uma expectativa de melhora no setor. Com o impacto de Milton, essa tendência de redução nas taxas provavelmente será revertida, forçando as seguradoras a ajustar os preços para cobrir os riscos acrescidos por operar naquele estado.
No entanto, a CNseg ressaltou que, apesar das perdas, as principais seguradoras e resseguradoras expostas ao mercado da Flórida não deverão sofrer rebaixamentos em suas classificações de crédito. Isso se deve aos níveis robustos de capital que as empresas mantêm em suas linhas de propriedade e casualty, além do repasse de riscos para resseguradoras globais, que devem absorver parte dos prejuízos.
Diante da expressiva magnitude dos prejuízos estimados, o furacão Milton evidencia a importância de o mercado segurador elaborar suas políticas de subscrição e precificação de forma criteriosa e estratégica. Esse evento, além de figurar entre os mais custosos desastres climáticos recentes, sublinha a crescente vulnerabilidade das regiões suscetíveis a catástrofes naturais, reforçando, ainda, a necessidade de uma constante adaptação do setor de seguros para lidar com as novas e imprevisíveis dinâmicas impostas pelas mudanças climáticas.