Atualmente, o Brasil vem sendo o alvo de diversos ataques cibernéticos, conforme o laboratório de inteligência e análise de ameaças da Fortinet, houve um aumento de 16% de 2021 em comparação com 2022, em que ocorreu a tentativa de 103,16 bilhões em ataques cibernéticos.
O aumento da demanda por seguros cibernéticos no Brasil reflete a crescente preocupação das empresas com os riscos relacionados à segurança digital. No entanto, essa demanda está contribuindo para o aumento na burocracia na análise das apólices, adotando assim critérios mais rigorosos.
A Susep disponibilizou os dados que apontem que os prêmios saltaram de R$ 21 milhões, em 2019, para R$ 174 milhões, em 2022. Por sua vez, os sinistros passaram de R$ 1 milhão para R$ 64 milhões no mesmo período.
O presidente da subcomissão de linhas financeiras da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg) e líder de linhas financeiras da AIG João Fontes ressaltou que o segmento está em um crescimento exponencial no país, com o aumento na taxa de sinistralidade, o que resultou no crescimento na emissão de prêmios.
Em 2020, a sinistralidade foi de 97%, enquanto em 2021 foi de 103%, em comparação ao ano passado houve um recuo de 44%. João comentou que “É difícil para as seguradoras entenderem se essa queda é uma tendência ou foi apenas um ano que a sinistralidade foi mais baixa”.
Diante a oscilação da taxa de sinistralidade, as seguradoras têm avaliado criteriosamente o risco envolvido em cada apólice de seguro cibernético para garantir que possam oferecer uma cobertura adequada.
Conta Eduardo Bezerra, head de cyber insurance da Wiz Corporate, explica que antigamente a ficha de questionário tinha de 4-5 páginas, enquanto atualmente chega a 40 páginas.
É relatado também que pela a advogada Luciana Dias Prado, sócia da prática de seguros, resseguros e previdência privada do escritório Lefosse Advogados, que várias empresas estão tendo dificuldades em contratar o seguro contra os ataques cibernéticos no Brasil e têm procurado proteção no exterior.
Fontes conta que as seguradoras estão mais criteriosas e realizando uma análise mais complexas do risco.
Ainda, comentou que na AIG, a taxa de sinistralidade é de 72%, exemplificou que “Para mostrar o que significa, para cada R$ 1 ganho pela seguradora R$ 0,72 centavos são pagos de sinistralidade. Tem que juntar a isso as despesas da companhia. Se o índice combinado de seguradora, ficar abaixo de 1, ganhou dinheiro, acima de 1 significa que está perdendo dinheiro”.
O diretor técnico da corretora de seguros Vokan Guilherme Krupellis, salientou que “Uma eventual multa da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) é uma cobertura adicional que pode ser contratada”, nas coberturas previstas no seguro cibernético as perdas do segurado, como por exemplo a interrupção do negócio causa do lucro cessante.
A Proteção de Dados
A ANPD (Agência Nacional de Proteção de Dados) publicou uma resolução que estabelece os critérios para calcular as multas e outras sanções administrativas em casos de violação da LGPD.
As penalidades previstas na lei variam de advertência, multas de até 2% do faturamento da empresa (total de R$ 50 milhões por infração), suspensão parcial do funcionamento do banco de dados por seis meses até que a situação seja regularizada.
O advogado Luiz Felipe Di Sessa destaca que o seguro não minimiza nem relativiza o dever da empresa de evitar incidentes e é apenas mais uma camada de proteção.
O advogado Paulo Lilla concorda que o seguro não resolve todos os problemas, mas pode ajudar no momento de crise, com multas e penalidades.
Especialistas enfatizam a importância de as empresas adotarem uma política de segurança da informação, fazerem adequação à LGPD e terem mecanismos robustos para prevenção e resposta rápida em caso de incidentes. Eles também consideram que a preparação para atender à lei torna as empresas elegíveis para o seguro.